Exonerado do cargo de superintendente da Polícia Federal (PF) na Amazônia durante o governo Bolsonaro, Alexandre Saraiva afirma que “o governo Bolsonaro deixou um legado terrível e um precedente: ele mostrou que é possível aparelhar a Polícia Federal.”

Atuando como delegado da PF desde então, Saraiva avalia “que a gente precisa se precaver (…), precisamos de uma legislação que nos dê garantias para trabalhar, que você não vai ser perseguido porque estava realizando o seu trabalho”.

O que precedeu a exoneração da superintendência da PF na Amazônia foi a denúncia feita por Saraiva da participação do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com a grilagem de terras e o tráfico ilegal de madeira.

Segundo Alexandre Saraiva, durante uma operação da PF que interceptou uma carga de madeira ilegal no Pará, em 2021, seu trabalho foi questionado pelo Ministério Público Federal, pela Corregedoria da PF e, por fim, pelo próprio ministro Ricardo Salles. Os documentos apresentados por Salles para interromper a ação, segundo Saraiva, dão conta de terras griladas.

“Havia ali uma extração ilegal de madeira, e essa madeira saindo de determinado local, eles precisavam de um título de terra para justificar aquela extração, para documentar a madeira, então eles esquentavam algumas terras. E como eles fizeram isso? Usando um assentamento. O Ricardo Salles entregou esses documentos e eles são públicos, eu apresentei na Câmara dos Deputados, inclusive”, diz Saraiva.

Ficha técnica:
Apresentação: Camila Salmazio
Roteiro: Anelize Moreira
Edição e produção: Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: Lua Gatinoni, André Paroche e Adilson Oliveira
Supervisão de reportagem: Rodrigo Gomes
Coordenação de Rádio e TV: Monyse Ravena
Direção de programas de áudio: Camila Salmazio
Direção executiva: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto: Sérgio Vale/Amazônia Real/2020