Utilizado para separar o ouro do cascalho, o uso de mercúrio na mineração causa impactos até na cadeia alimentar em 17 municípios de seis estados na região Amazônica. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizada em centros urbanos do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima revela que peixes do território apresentaram níveis de contaminação pelo componente químico acima do limite aceitável (maior ou igual a 0,5 µg/g), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O levantamento aponta que os piores índices estão em Roraima, com 40% de peixes com mercúrio acima do limite recomendado, e Acre, com 35,9%. Por outro lado, os menores indicadores estão no Pará, com 15,8%, e no Amapá, com 11,4%. Na média, 21,3% dos peixes comercializados nas localidades e que chegam à mesa das famílias na região Amazônica têm níveis de mercúrio acima dos limites seguros.

Em entrevista ao programa Bem Viver, o pesquisador Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), ressaltou ainda mais preocupação com dados do estudo ao considerar a cultura alimentar na região e situação do pescado ser a principal fonte de proteína para algumas pessoas.

“Em algumas épocas do ano, as pessoas se alimentam de pescado no café da manhã, no almoço, no jantar, no lanche da tarde, na ceia. Então tem uma frequência de consumo que, às vezes, é de quatro a cinco vezes por dia”, explica.

Ficha técnica:

Apresentação:  Daniel Lamir
Roteiro: Geisa Marques
Edição e produção: Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: Lua Gatinoni, André Paroche e Adilson Oliveira
Supervisão: Rodrigo Gomes
Coordenação: Camila Salmazio
Direção: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto: Paulo Basta/Fiocruz