“Em todos esses conflitos sempre há algum fato que é um divisor de águas”, afirmou Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP. Ao podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato, o especialista faz referência ao míssil que atingiu o Hospital Al-Ahli, na Faixa de Gaza, na última terça-feira (17), e deixou mais de 500 mortos.
O exército israelense negou o ataque, apontando para um possível acidente com um míssil palestino.
Logo que a notícia do ataque ao hospital se espalhou, a população de Ramallah, a capital da Autoridade Nacional Palestina, na Cisjordânia, foi às ruas para protestar e entraram em choque com a polícia palestina.
“A pressão das ruas funcionam em dois sentidos: Primeiro, porque se os governos de centro e direita não olharam para o povo palestino, vem manifestação contra ele. Segundo, ao olharem, eles se distanciam dos Estados Unidos. Então há uma regionalização”, explica ex-presidente do PT, José Genoíno.
Segundo Reginaldo Nasser, e fato que os governos Árabes, realmente, nunca levaram a fundo a questão Palestina. “Era só retórica, porque eles têm medo da rua. A rua árabe pressiona. Então eles têm mudado e com esse evento não tem como eles voltarem atrás”.
Para Genoíno, a escalada do conflito na Faixa de Gaza deslocou o foco da geopolítica mundial. Neste contexto, como presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil havia elaborado uma resolução que seria a primeira manifestação formal do órgão sobre o conflito no Oriente Médio. Mas os EUA votaram contra a proposta e o texto foi integralmente reprovado.
O professor da PUC-SP comparou o discurso de Lula com outros líderes, como o russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping: “O Putin deu uma declaração dura contra Israel e ligou para o Netanyahu, isso é política internacional. Então a China e a Rússia, eles vão querer proveito sim. […] Se a China, se a Rússia, conseguir articular isso, eles saem maior”.
José Genoíno foi claro ao afirmar que os conflitos só deverão terminar, se um dos lados sentir que pode perder: “Se a Comunidade Internacional não impor uma derrota para o Estado de Israel, vai prosseguir um massacre. Essa é a grande ameaça que nós estamos correndo sobre o futuro da humanidade”
Novos episódios do Três por Quatro são lançados toda sexta-feira pela manhã, discutindo os principais acontecimentos e a conjuntura política do país.

Ficha Técnica:
Apresentação: Nara Lacerda, Igor Carvalho
Comentários: João Pedro Stédile e José Genoíno
Direção: Camila Salmazio
Produção e Roteiro: Letycia Holanda
Trilha sonora original: Alejandra Luciani
Trabalhos técnicos: Emerson Ramos
Coordenação de Rádio e TV: Monyse Ravena
Direção de jornalismo: Nina Fideles
Identidade visual: Mayara Fujitani e Michael Gonçalves
Arte episódio: Michael Gonçalves