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Que história os livros de História contam sobre o Brasil? O questionamento é da professora Wlamyra Ribeiro de Albuquerque, pesquisadora que atua no Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Especialista em emancipação, abolição, racialização e pós-abolição no Brasil, Albuquerque é uma referência no movimento de historiadores que reivindica a participação da população negra nos livros didáticos no país.
Ela é autora de seis livros sobre o tema, um deles, Uma história da cultura afro-brasileira, foi vencedor do Prêmio Jabuti, em 2010, na categoria livro didático e paradidático. A obra foi escrita com Walter Fraga Filho e publicada pela Editora Moderna.
“Eu não aposto no apagamento da memória como uma forma de resolver os nossos problemas. Eu acho que ao invés de apagar o 7 de setembro ou diminuir a importância dele no calendário nacional, a gente precisa redefinir o que essa data significa”, argumenta a historiadora.
Albuquerque é doutora em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas e realizou pós-doutorado, na modalidade Estágio Sênior, no Latin American Studies/ Harvard University, entre 2015 e 2016.
Além do feriado da independência, a professora provoca uma reflexão em datas como o 15 de novembro, dia da proclamação da República, 13 de maio, promulgação da Lei Áurea, e 2 de julho, data reconhecida como o dia da independência do Brasil na Bahia”.
“São situações que a gente [deveria] parar para pensar e colocar em cima da mesa qual é a memória que a gente constrói sobre nós mesmos”.
“Qual é a memória nacional que a gente constrói na sociedade brasileira? E por que, em muitos momentos, a questão militar, a ideia de um projeto nacional muito homogeneizado atrelado às elites é sempre reafirmado nessas datas do calendário nacional?”, questiona a Albuquerque.
Para a historiadora é preciso que estas datas sejam vistas numa perspectiva antirracista, e não cabe mais apenas ao movimento negro propor essa reflexão.
Ficha técnica:
Apresentação: Camila Salmazio
Roteiro: Anelize Moreira
Edição e produção: Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: Lua Gatinoni, André Paroche e Adilson Oliveira
Supervisão de reportagem: Rodrigo Gomes
Coordenação de Rádio e TV: Monyse Ravena
Direção de programas de áudio: Camila Salmazio
Direção executiva: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil