No início do mês, durante 17ª Conferência Nacional de Saúde, a ministra Nísia Trindade anunciou um aporte de R$ 200 milhões para a saúde mental em 2023. O repasse será direcionado para um total de 2.855 Caps (Centro de Atenção Psicossocial)  e 870 SRT (Serviço Residencial Terapêutico) existentes no país.

O valor pode até parecer pouco diante do orçamento total da pasta da Saúde, que gira em torno de R$ 14 bilhões. Porém, este investimento significa um acrescecimo de 27% na área.

O aumento de quase um terço do orçamento evidencia como a saúde mental estava devassada.

No entanto, para o psiquiatra Luís Fernando Toffoli, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o desmonte do setor não fica apenas por conta do orçamento.

“Desinformação é a palavra que resume o tratamento da saúde mental durante o governo Bolsonaro”, considera o professor.

Segundo ele, tanto na gestão Temer como de Bolsonaro, a saúde mental perdeu o rumo de ser pautada pela luta antimanicomial, movimento consolidado no Brasil ao longo de décadas em defesa do fim dos manicômios.

Desde março, foram habilitados 27 novos Caps, 55 SRT, quatro unidades de acolhimento e 159 leitos em hospitais gerais. A maioria em estados do Nordeste.

Os Caps são os serviços de saúde de caráter aberto e comunitário voltados ao atendimento de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental. Já os SRT, são casas localizadas no espaço urbano constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves.