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A pressão estética imposta pela sociedade obriga a um questionamento, basicamente, diário: eu estou no peso ideal? Essa imposição é tão bem articulada que a medicina apresentou uma fórmula simples, que pode ser aplicada em casa, para descobrir se a pessoa está com sobrepeso. É o famoso IMC (Índice de Massa Corporal). O cálculo usa apenas o peso e altura para definir se a pessoa está dentro do esperado pela medicina
Para a médica de Família e Comunidade sanitarista, Rafaela Alves Pacheco, sobrepeso “não é uma medida tão simples, apesar de que a boa parte dos protocolos médicos coloquem única e exclusivamente essa medição pelo IMC. Esse, inclusive, é um grande problema”, alertou a especialista em entrevista a edição desta terça-feira (7) do programa Bem Viver.
Professora de medicina da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, a especialista faz um importante contraponto a essa lógica protocolar de definir obesidade por cálculos matemáticos.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a obesidade é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde.
Pacheco começaria diferente. Para a especialista “a primeira coisa que é importante que a gente diga é que a obesidade é um problema de saúde pública. Então nós estamos falando de um problema que é coletivo, que é social.”
“De nada adianta a gente reforçar as medidas individualizantes para um problema que é coletivo”, resume a especialista.
O ponto da médica é que cada corpo reage de uma determinada maneira a diferentes estímulos, e não se pode generalizar de forma tão matemática qual a situação de cada um/a, simplesmente, por uma tabela de dados.
Pacheco defende acabar com o dogma de que “pessoas gordas são doentes e pessoas magras são saudáveis. Essa correlação, necessariamente, não é verdadeira”.
“Eu já tive centenas de pacientes que são pessoas gordas e que estão dentro da sua possibilidade de construção corporal, de programação genética e mental. Estão em uma situação melhor de que algumas pessoas que não possuem esse tal índice de IMC adequado.”
Ficha Técnica:
Apresentação: Nara Lacerda
Roteiro: Lucas Weber
Edição e produção: Lucas Weber, Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: André Paroche, Adilson Oliveira e Lua Gatinoni
Supervisão: Rodrigo Gomes
Coordenação: Camila Salmazio
Direção: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto em Destaque: Diana Polekhina/Unsplash