Enquanto líderes internacionais debatem medidas para mitigar o avanço do aquecimento global, os países enfrentam diariamente as consequências de eventos climáticos extremos. “Não esperemos nada das conferências, das COPs, dos acordos, porque os governos não têm mais o poder real”, comenta João Pedro Stédile, economista e liderança do MST, ao podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato
Já convidado deste episódio, o geógrafo e coordenador científico da associação de pesquisa Iyaleta, Diosmar Filho, avalia que tudo passou a ser política do capital. “A gente já adotou, são ‘recursos’ naturais, já não são mais ‘bens’ naturais”.
Segundo ele, a chamada “mitigação” estabelecida pelas lideranças mundiais é o que conseguiu recuperar o capitalismo. “O que está hoje estabelecido nas mudanças climáticas é a salvação do capitalismo”.
Na avaliação de Stédile, o agravamento dos eventos climáticos extremos são frutos da ofensiva que o grande capital internacional, em tempos de crise do capitalismo, está fazendo contra os bens da natureza.
A liderança do MST explica que ao se apropriar da natureza de forma privada, o capital gera desequilíbrios. “Nunca antes nós tínhamos visto tantos empreendimentos na mineração, na destruição de florestas, na exportação de madeira, na difusão no garimpo ilegal, na agressão a população indígena e quilombola”, avalia. 
Diosmar Filho classifica o papel dos países ricos para conter a emergência climática como “uma vergonha”. O geógrafo, inclusive, cita o impacto dos conflitos atuais no aquecimento global: “Eu quero saber quanto Israel emitiu de gases efeito estufa há 15 dias jogando bomba na Faixa de Gaza”.
Ao podcast Três por Quatro, a liderança do MST ainda alerta: “A análise é de que estamos vendo uma crise ambiental profunda, grave e coloca em risco, não só a vida de seres vegetais e animais, mas que coloca em risco a vida do ser humano”. 
Neste ponto de vista, Diosmar Filho afirma que é preciso abrir um debate para uma transição de política climática ambiental que abranja toda a população mundial.
Stédile declara que o Brasil precisa urgentemente reflorestar seus biomas. “Nós precisamos de fato fazer mudanças que levem ao combate permanente para poder não chegar ao ponto de não retorno”.
Novos episódios do Três por Quatro são lançados toda sexta-feira pela manhã, discutindo os principais acontecimentos e a conjuntura política do país.

Ficha Técnica:
Apresentação: Nara Lacerda, Igor Carvalho
Comentários: João Pedro Stédile e José Genoíno
Direção: Camila Salmazio
Produção e Roteiro: Letycia Holanda
Trilha sonora original: Alejandra Luciani
Trabalhos técnicos: Emerson Ramos
Coordenação de Rádio e TV: Monyse Ravena
Direção de jornalismo: Nina Fideles
Identidade visual: Michael Gonçalves