“Eu costumo sempre falar que eu, às vezes, tenho a sensação de que tenho que correr a maratona duas vezes mais do que um homem para chegar no mesmo lugar, falando sobre o mesmo papel. Acho que a gente precisa entender, primeiro, que isso é uma condição estrutural da nossa cultura, das nossas mães. As mulheres da minha idade, eu tenho 43 anos, poucas mães trabalhavam. As nossas avós, certamente, quase nenhuma”. Assim Anelis Assumpção resume a condição das mulheres na música, nas artes e na cultura brasileira em geral.

Em dezembro do ano passado, ela lançou seu quarto disco de estúdio, intitulado ‘sal’. Um trabalho diferente, em que ela foi responsável por comandar todas as fases de produção do álbum: foi produtora, compositora e pensou, em parceria com outras mulheres negras, todo o processo de concepção da obra.

“Em todos os meus outros trabalhos, eu também produzi, coordenei, mas sempre precisando muito do respaldo de um conhecimento técnico, ou de um know how que sempre, 100% das vezes, vem de corpos masculinos, de homens cisgêneros. Isso não é um problema, mas era um desafio muito interessante para mim, poder exercitar a produção através do conhecimento que eu já tinha, que difere tecnicamente de muitas produções clássicas”, explica.

Ficha técnica:
Apresentação:  Daniel Lamir
Roteiro: Geisa Marques
Edição e produção: Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: Lua Gatinoni, André Paroche e Adilson Oliveira
Supervisão: Rodrigo Gomes
Coordenação: Camila Salmazio
Direção: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto: Reprodução/YouTube