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Dados mais recentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) trazem que, no Brasil, são mais de 1,7 milhão de trabalhadores e trabalhadoras por aplicativo. Para a pesquisadora Ludmila Abílio, do Instituto de Estudos Avançados da USP e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, são profissionais submetidos a um novo regime de trabalho que traz severos desafios a sociedade.
“O trabalhador tenta lidar com essas regras o tempo inteiro, mas ele não tem nenhum poder de negociação, influência e nem de conhecimento sobre o que rege o próprio trabalho dele, então é um exercício permanente de adivinhação”, descreve Abílio.
Se o mundo do trabalho carrega essas entre suas características contemporâneas, as lutas dos trabalhadores de aplicativo também envolvem novas lógicas. Entre elas, na visão de Abílio, que é também professora colaboradora da Sociologia da Unicamp, a organização dispersa, em rede. “Tem a ver com ser multidão”, sintetiza. “E tem uma potência enorme: os motoboys têm um poder quase como o dos caminhoneiros. Eles podem interromper os fluxos”, afirma.
A uberização é uma nova forma de controle, gerenciamento e organização do trabalho. Isso envolve uma série de elementos que dizem respeito a como nós, socialmente, estamos sobrevivendo. Como estamos sendo remunerados, as noções de justiça, de dignidade, de saúde, de segurança, como elas estão se organizando nesse dado momento histórico”, afirma a pesquisadora.
Ficha Técnica:
Apresentação: Lucas Weber
Roteiro: Geisa Marques
Edição e produção: Lucas Weber, Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: André Paroche, Adilson Oliveira e Lua Gatinoni
Supervisão: Rodrigo Gomes
Coordenação: Camila Salmazio
Direção: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto em destaque: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil