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No último final de semana, em Centenário do Sul (PR), o acampamento Fidel Castro, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), deu um passo efetivo em uma ação que busca se contrapor à lógica do agronegócio.
Agricultores e agricultoras iniciaram a colheita de 200 hectares de soja não transgênica plantados dentro do acampamento ao longo do ano passado. O grão se diferencia do utilizado, tradicionalmente, pelo agronegócio por conta de não passar por processos de alteração genética.
A soja transgênica é alterada laboratorialmente para poder receber agrotóxicos mais fortes, que são, também, mais agressivos ao meio ambiente e à saúde humana.
Segundo Diego Moreira, membro da Direção Nacional de Produção do MST e liderança na região, o Movimento Sem-Terra está propondo um grande desafio, que é reesignificar o valor da soja para toda a população brasileira.
“Nós [do MST] entendemos a soja como alimento, e uma ferramenta para o combate à fome no mundo. A gente tá acostumado a tratar ela com preconceito, e com motivos para isso”, diz ele.
“Mas, à medida em que aprofundamos o conhecimento da soja como alimento, não aderirmos à lógica monopolizada pelas grandes empresas. Temos certeza que trabalhadores e trabalhadoras vão entender a importância de plantar soja”, acrescentou.
O evento contou a com presença do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Carlos Fávaro (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), além da deputada federal e presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
“É o que o povo tá pedindo, que o povo pede, menos agrotóxicos. A gente sabe que agrotóxico não é bom. Você vai comprar um produto, você prefere com glifosato ou sem?”, questiona Edivan Ghizoni agricultor familiar, assentado do MST na região e responsável por coordenar o plantio de soja não transgênica no acampamento.
O plantio da soja não transgênica é considerado apenas o primeiro passo do MST nesta missão de dar um novo significado ao valor do grão. Ceres Hadich, integrante da direção Nacional do MST, explica que “é preciso investir no beneficiamento, apostando na agroindústria, para que vire, também, alimento direto para as famílias”.
Ficha Técnica:
Apresentação: Nara Lacerda
Roteiro: Geisa Marques
Edição e produção: Lucas Weber, Daniel Lamir e Douglas Matos
Trabalhos técnicos: André Paroche, Adilson Oliveira e Lua Gatinoni
Supervisão: Rodrigo Gomes
Coordenação: Camila Salmazio
Direção: Nina Fideles
Apoio: Equipe de Jornalismo do Brasil de Fato
Foto em Destaque: Lucas Weber/BdF